O empresário Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, fez uma das maiores
fortunas do país vendendo TVs, geladeiras e móveis para gente de orçamento
apertado, que só conseguia comprar à prestação.
O filho Michael vendeu a empresa em 2009 e colocou uma bolada no bolso. Agora,
parte para novas empreitadas, desta vez de olho numa clientela que tem muito
dinheiro para gastar.
As novas apostas estão na área imobiliária e na aviação executiva. Proprietária de
384 imóveis, avaliados em R$ 4 bilhões, a família Klein tem lojas, prédios
comerciais, centros de distribuição e galpões industriais alugados para bancos,
redes varejistas e grandes empresas. No ano passado, faturaram R$ 246 milhões
com imóveis.
Os Klein também querem montar uma empresa de táxi aéreo. Já são donos de dois
hangares, um heliporto, três jatos executivos e quatro helicópteros, e esperam
autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para começar a operar.
“Se tudo der certo, a meta é ter a maior empresa de imóveis do país”, afirma
Michael Klein. “E o táxi aéreo também é um negócio promissor, porque o Brasil é o
segundo maior mercado do mundo para jatos executivos, só os Estados Unidos
têm mais.”
À PROCURA DE ALTERNATIVAS
Em breve, esse leque deverá aumentar. O empresário está procurando alternativas
para investir os R$ 1,6 bilhão que recebeu no fim do ano passado, com a venda de
20% da Via Varejo (dona das lojas Casas Bahia e Ponto Frio).
Para avaliar novos investimentos, Michael abriu uma empresa de participações e
contratou o executivo Luiz Carlos Nannini, que estava na consultoria Ernst &
Young. Diz que está disposto a experimentar coisas novas, “mas o que mais
apareceu foram projetos imobiliários”.
Os Klein decidiram abandonar o comércio e partir para outra no ano passado,
depois que deu errado a tentativa de comprar o controle da Via Varejo, resultado da
fusão das Casas Bahia com o Pão de Açúcar (que era dono das lojas Ponto Frio).
O próprio Michael tinha vendido o controle das Casas Bahia ao Pão de Açúcar, em
2009. Meses depois, os Klein se arrependeram. Conseguiram renegociar alguns
termos do contrato, mas o relacionamento com os sócios ficou péssimo. Por isso,
Michael tentou comprar o controle no ano passado.
“Não conseguimos chegar a um acordo sobre o preço”, afirma o empresário. “Tudo
bem, era hora de sair do varejo. Não há ressentimento, já estamos em outra.”
Por acordo, durante cinco anos os Klein não podem entrar em nenhum negócio
que possa competir com a Via Varejo. Eles ainda possuem 27,5% da companhia.
IMÓVEIS
Aos 63 anos, pai de gêmeos que nasceram há quatro meses do segundo
casamento, Michael avalia pessoalmente os imóveis que compra. Nos próximos
dias, vai dar uma olhada em lojas e prédios comerciais no Rio de Janeiro,
Uberlândia (MG) e em cidades do Sul do Pará.
“Uma de minhas tarefas nas Casas Bahia era comprar os pontos (para lojas).
Comprei 600 unidades e visitei imóveis no Brasil todo, menos no Acre.”
A imobiliária dos Klein começou em 2010, com 275 lojas. Hoje tem 384
propriedades. Cerca de 300 continuam alugadas para a Via Varejo. As outras para
bancos como Bradesco e Santander, lojas do Boticário e da Marisa, concessionárias
de carros.
A siderúrgica Gerdau aluga dois galpões industriais e a Petrobras ocupa um prédio
de escritórios de 13 andares que Michael comprou em Salvador. “Vamos reinvestir
tudo que entra na empresa.”
Michael toca os negócios da família, mas seus filhos mais velhos têm voo próprio. Natalie é dona da butique de NK Store. Raphael montou a ROIx, uma empresa de tecnologia de gestão de audiência com clientes como Gafisa, Lenovo, TIM e Casas Bahia.